quinta-feira, 11 de outubro de 2007

José Rodrigues dos Santos, como assumiu em comunicado

2007-10-11
José Rodrigues dos Santos perdeu entre 500 e mil euros com o fim do AFOC, um acordo especial por apresentar os jornais da RTP, apurou o CM. Antes do ‘corte’, o jornalista recebia cerca de 14 mil euros, segundo a folha de ordenados de Outubro de 2004, divulgado pelo CM em Fevereiro de 2005.

“Algumas das caras conhecidas da RTP têm contratos específicos de apresentação. Era o caso do José Rodrigues dos Santos” e esses vínculos, revela uma fonte, “têm, em limite, a duração de três anos”. O do antigo director de Informação “terminou nos últimos seis meses”. Judite de Sousa e Carlos Daniel também foram afectados pela medida, ou seja, deixaram de receber o AFOC. No caso de José Rodrigues dos Santos, garantem-nos, o montante que perdeu situa-se “entre os 500 e os 100O euros” mensais.

A administração da RTP referiu, anteontem, em comunicado – na sequência de acusações do jornalista na revista ‘Pública’, nomeadamente de “recados” e de interferências em matéria editorial –, que tinha cumprido com Rodrigues dos Santos o contrato que estava em vigor, assinado com a anterior administração. Por outras palavras: o jornalista continua a auferir um vencimento na ordem dos 14 mil euros.

José António Rodrigues Santos recebeu, em Outubro de 2004, um ordenado base de 2 638 33 euros, mais 11 688 79 euros relativos a prémios e subsídios regulares. Tudo somado dava 14 327 12, montante que o colocava o pivô entre os mais bem pagos da RTP. A tabela salarial da época estava em vigor desde 2001 e o jornalista era pago na qualidade de ‘consultor’.

Rodrigues dos Santos entrou para os quadros da RTP em Abril de 1990, estagiou na BBC, em Londres, e tornou-se conhecido dos telespectadores portugueses durante as emissões sobre a Guerra do Golfo.

GABRIEL DESPEDIDO E DANIEL ALVO DE INQUÉRITO

O nome de Gabriel Alves figura na lista de 11 funcionários alvo de processos disciplinares este ano. O jornalista acabou, inclusive, por ser despedido, depois de estar ao serviço da Televisão Pública de Angola (TPA), com quem a RTP tem um protocolo. O caso que, poderá ter consequências políticas, deverá, agora, seguir para os tribunais. Por outro lado, Carlos Daniel foi alvo de um inquérito igualmente este ano. O pivô desmentiu, publicamente, o director de Informação, António Luís Marinho, afirmando que não tinha sido informado, em Março do ano passado, como fora tornado público, do seu afastamento da cobertura dos jogos da Selecção de futebol. Daniel, recorde-se, em consequência do afastamento da narração dos encontros de Portugal apresentou a demissão do cargo de subdirector de Informação, em Setembro de 2006. O inquérito acabou por não trazer consequências para Daniel. Voltando as processos instaurados: quatro deles estão ligados ao programa ‘Diver (c) idades’, suspenso em Janeiro. A estação pública, recorde-se, apresentou queixa à PJ pelo desaparecimento de material técnico do formato apresentado por Paco Bandeira, que, em reacção, disse estar a ser alvo de uma “tramóia”. Há ainda, segundo fontes sindicais, processos disciplinares por falta de pagamento de... bolos-de-arroz.

JORNALISTA REVÊ-SE NOS CRÍTICOS

José Rodrigues dos Santos “ revê-se sem reservas nos critérios editoriais da actual direcção de Informação, porque é seguido o Livro de Estilo da RTP”, lê-se no comunicado de ontem da equipa dirigida por António Luís Marinho. Contactado pelo CM, o pivô, que ontem se encontrava na Feira de Frankfurt, a convite do grupo Bertlesman (detém o Círculo de Leitores), disse que, pela sua parte, o assunto estava esclarecido, uma vez que falou nos órgãos próprios: O conselho de redacção e a direcção de Informação. Esta pediu esclarecimentos ao pivô sobre a entrevista que este concedeu à ‘Pública’ e na qual ficou escrito: “A Administração da RTP passa recados do poder político”. A direcção de Informação diz que Rodrigues dos Santos repetiu “o que afirmara ao Conselho de Redacção: todas as afirmações se referiam ao período em que foi director de Informação” e disse, ainda, “desconhecer qualquer tentativa de influência da administração na actual direcção de informação”. Entretanto, o Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas veio ontem, em comunicado, exigir esclarecimentos à administração da RTP.

ORDENADO

ANTES

14 327 12 euros

AGORA

500 a 1000 euros

COMENTÁRIOS

“José Rodrigues dos Santos conseguiu o que pretendia. O seu ‘caso’ ficará na história da RTP. Cinquenta anos resumidos em três governos e numa só administração. É de mestre”. José Medeiros Ferreira, no blogue ‘bicho carpinteiro’

Pode o próprio José Rodrigues dos Santos andar para trás e para a frente com as suas declarações, que o problema que ele suscita em 2007 é sempre o mais delicado para a RTP: a sua independência do poder político. Pacheco Pereira, no blogue ‘abrupto’

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